terça-feira, 29 de outubro de 2013

Primeiro teste !

~Por Falar Em Encontros~

"Bem, cá estou eu. Tive saudades tuas... Mais um dia que consegui esgotar até à última gota. No meio dos noctívagos, e dos assolados pelas insónias, boas noites, apenas consigo pensar e pensar e pensar, mesmo sem assunto nenhum de maior importância... Talvez o haja. Talvez até seja um assunto decisivo. Não interessa... Não parece interessar. Quem sabe, até agora? Quem me pode dizer... Tenho que continuar a procurar... O genérico do dia a dia continua ... bem, genérico, e parece-me que cada episódio segue a mesma rotina... As montagens a alta rapidez do acordar e do enquadramento naquilo que se vai tornar mais umas horas de uma vida, o rastejar agoniante dos ponteiros do relógios, até que finalmente se tem alguma vontade de estar acordado... Por essa altura, já o Sol nos mostra o dedo, ao afastar-se em todo o seu esplendor para lá da linha...

Talvez amanhã... Acredito que seja amanhã ...
"

O caderno voou pelo quarto fora, aterrando na cama já desfeita pela impaciência, enquanto ele se espreguiçava na cadeira... " 'Se lixem as horas", cuspia para ninguém. Estes eram os piores momentos: apatia natural, da noite ou lá de dentro, existia constantemente, e fazia-se sentir... Andar pelo quarto, tentar descobrir quantos passos teria que dar até cada milímetro estivesse calcado pelos pés descalços. Olhar para o espelho, esperar que, talvez, após um suspiro, se visse algo diferente... Mas não. O mesmo cabelo despenteado, o mesmo olhar, o mesmo nariz e sardas, só ele mesmo. Era estranho, mas ao mesmo tempo aconchegante, acalentar aquela chamazinha prestes a apagar, agarrada àquela última fila de átomos ainda não consumidos pelo fogo, que batalha num campo invisível demais, mas no entanto faz a diferença... Aquela esperança de que talvez, eventualmente, muito improvavelmente, um dia as coisas mudassem. Mas não havia previsões disso. Uma carreira perfeita para construir, uma vida sociável perfeita a corrigir, conversas medonhas a manter pairantes no ar, como se um único sopro, na melodia certa, fosse conseguir tirá-las da apatia e fazê-las voar, como as correntes, ou mesmo aquela coisa viscosa que nos corre nas veias.

No entanto, algo parecia diferente. Os pormenores. Algo cheirava a mudança, ele sabia. "Que estúpido...", de certeza que era ainda a esperança... Danada. "Bem, amanhã vão querer que eu esteja apresentável... Minimamente, quero dizer.", e encaminhou-se para a cama. Deixou cair a cabeça no travesseiro, e tentou manter os olhos fechados... Imagens de pessoas com asas e guelras cruzaram-lhe a vista, metamorfoses fora das barreiras da Física e da Ciência, tão maravilhosas como as primeiras descobertas da infância, argumentos ganhos em nome da imaginação e da consciência tranquila, e...

Um barulho diferente fê-lo voltar ao real. Sentou-se na cama, olhos bem arregalados, desejando que os seus olhos pudessem absorver escuridão tão bem como absorvem e mantêm as manchas dos raios directos de Sol. Soavam a coisas ondulantes, algo parecido aos clichés dos filmes de ficção científica... "Bonito, agora já nem cabeça tenho para inventar algo que não tenha saído dos Ficheiros Secretos"... E talvez fosse só da cabeça dele, mas ele ia jurar que tinha visto uma mancha mais clara do que é normal... E... Púrpura?

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Boas! Espero que gostem deste pequeno pedaço de mim, como eu gostei de dá-lo a quem tiver uns minutos no dia para uma fuga à realidade... Só nós os dois, ah? Que dizes?

Enfim, se gostarem, partilhem com quem quiserem, deixem a vossa opinião, boa ou má, desde que seja construtiva. Já há demasiada gente a apontar o dedo e a voltar a metê-lo no nariz.

Your's truly,
-Aslam

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